Há aproximadamente 23 anos começava a primeira edição do ROCK IN RIO


"Se a vida começasse agora..." dizia a música-tema do festival. A vida dos grandes eventos de música com atrações internacionais no Brasil começou de fato naquele verão de 1985. E a vida foi longa, e dura até hoje, como o mais recente deles, o show do The Police, mais uma vez comprovou. Depois vieram Rock In Rio 2, Rock In Rio 3, Rock In Rio Lisboa, e até em Madri a grife vai aportar este ano. Mas nenhum se comparou ao primeiro, em termos de atrações e relevância. Antes do Rock In Rio, o Brasil vivia de eventuais aparições internacionais, como Van Halen, Genesis, Kiss, Peter Frampton e o próprio The Police, que vinham para se apresentar em condições quase sempre precárias, tanto para os artistas quanto para o público.
Durante dez dias, às vésperas do Carnaval de 1985, não se falava em outra coisa no Brasil. Os portões da Cidade do Rock foram abertos às 17 horas do dia 11 de janeiro de 1985 e o evento foi encerrado em grande estilo pelo grupo Yes no dia 20. Um grande palco foi montado a céu aberto em um gramado do tamanho de 13 estádios de futebol, na Barra da Tijuca.
A escalação do festival era de dar inveja a qualquer outro já produzido em qualquer lugar do mundo, em todos os tempos: Queen, Iron Maiden, Whitesnake, AC/DC, Scorpions, Ozzy Osbourne e Yes, só para citar alguns. Costumamos ver grandes artistas internacionais se apresentarem no Brasil já no fim da carreira, como foi o caso de Paul McCartney e Bob Dylan. Mas no primeiro Rock In Rio, todos estavam no auge ou em grandes momentos de suas carreiras.


As atrações nacionais também não deixavam a desejar. No elenco, os principais nomes do novo rock brasileiro que bombava na época, como Blitz, Barão Vermelho (ainda com Cazuza!), Paralamas, Kid Abelha e Lulu Santos, além de tradicionais artistas da MPB, como Gilberto Gil, Moraes Moreira, Alceu Valença e Ivan Lins, e também Erasmo Carlos - um dos pais do rock no Brasil - e a rainha do gênero, Rita Lee.
Foi também no Rock In Rio que começou a reclamação dos artistas nacionais sobre a qualidade do som em relação aos grupos internacionais. Essa discriminação fez com que diversos grandes grupos brasileiros desistissem de se apresentar na terceira edição do festival, em 2001. Outro fato marcante do festival foi a popularização do heavy metal e dos 'metaleiros', que com suas pulseiras de tachinhas - que já apareciam desde alguns anos antes no antológico show do Kiss no Maracanã, em 1982 -, não tiveram muita paciência com Erasmo Carlos, Kid Abelha e Eduardo Dusek, que levaram vaias e alguns objetos voadores não identificados na cabeça. Mesmo assim, os ainda inexperientes artistas brasileiros não deixaram de realizar apresentações memoráveis na primeira edição. Alguns dos momentos mais emblemáticos foram a grande bola jogada ao público pela Blitz e o discurso emocionado de Cazuza ao final de "Pro dia nascer feliz", no dia em que o Colégio Eleitoral, em Brasília, confirmou o nome de Tancredo Neves como o novo presidente da República.
O Rock In Rio está para o Brasil como o pioneiro festival Monterey Pop, em 1967, esta para o cenário internacional. Foi um divisor de águas. Apesar de ter sido, antes de tudo, uma iniciativa empresarial idealizada por Roberto Medina, que pretendeu gerar lucro, divisas, turismo, retorno para patrocinadores e tudo o mais que envolve investidas capitalistas, o primeiro Rock In Rio sempre será lembrado, mais que qualquer outro festival já realizado no Brasil até hoje, pela qualidade musical e por ter recuperado o tempo perdido e colocado definitivamente o Brasil no circuito das grandes turnês internacionais.

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